Ricardo Maranhão, da Orbis Engenharia Clínica, fala sobre incêndio em centro cirúrgico

Recentemente, foi divulgada pela imprensa americana uma notícia sobre um processo judicial contra o NYU Langone Medical Center, localizado em Nova Iorque, pela ocorrência de um evento adverso grave em dezembro de 2014: um paciente submetido a uma cirurgia teve queimaduras devido a um incêndio provocado na sala de operação.

“A existência de um ambiente rico em oxigênio e material inflamável, como gazes e lençóis, e a utilização de aparelhos capazes de fornecer ignição, como o bisturi elétrico, transformam a sala cirúrgica em um local com alto risco para a ocorrência de incêndios”, explica Ricardo Maranhão, engenheiro clínico da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás.

Segundo Maranhão, artigos e políticas sobre prevenção de incêndio e queimaduras no centro cirúrgico, baseados em evidências, apontam que ocorrem cerca de 100 casos de incêndio em salas cirúrgicas nos Estados Unidos por ano. Este, porém, é um evento que pode ser evitado se for observada a presença dos três elementos que favorecem a combustão. “Por os centros cirúrgicos serem ambientes com alta concentração de oxigênio e material inflamável e por serem utilizados, durante o procedimento cirúrgico, aparelhos capazes de fornecer ignição, como bisturi elétrico, laser, desfibriladores e endoscópios, é imprescindível que protocolos de procedimentos sejam extremamente respeitados durante as cirurgias”, explica.

Incêndio no centro cirúrgico é um risco que pode ser evitado por meio de implementação de uma política de prevenção de incêndio e queimaduras em cirurgia. “Em relação ao caso divulgado pelo The Post, o relatório do Departamento de Saúde sobre aquele evento apontou falha de comunicação entre o cirurgião e o anestesista. É fundamental que haja treinamento e conscientização das equipes cirúrgicas para o risco de incêndio e queimaduras”, destaca Maranhão. O objetivo do treinamento é que todos tenham conhecimento sobre a composição dos materiais, a distância da fonte de oxigênio, o uso adequado dos antissépticos e as possíveis fontes de ignição.

O engenheiro defende que, além do treinamento das equipes para que as normas sejam implementadas e efetivas, a comunicação entre os profissionais de saúde faz parte das medidas preventivas. “Por exemplo, quando o cirurgião vai utilizar o bisturi elétrico, ele deve avisar a equipe presente antes de ligá-lo, para que o anestesista possa diminuir a oferta de oxigênio ao paciente e os demais profissionais de saúde possam retirar de perto das fagulhas do bisturi os materiais inflamáveis, como as gazes e compressas de álcool na pele do paciente”, detalha. “Para finalizar, é importante que o anestesista, ao reconhecer as possíveis fontes de ignição, saiba administrar de forma racional a oferta de oxigênio. Por isso, o treinamento e a comunicação entre os membros das equipes são fatores chave para o sucesso da prática das medidas descritas no protocolo”, afirma Ricardo Maranhão.